terça-feira, 21 de julho de 2009

ENTRE A LOUCURA E A LUCIDEZ ENTRE A VERDADE E O ROCK INGLÊS


"A maior loucura de uma homem nesta vida é deixar-se morrer" - CERVANTES



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Neste último fim-de-semana resolvi ficar em casa e não viajar. Loquei uns filmes.......Minto, comprei um punhado de DVDs piratas para assistir. Entre vários que vi um em especial me chamou bastante atenção. Talvez nem tanto propriamente pelo filme, cuja trama achei um pouco monótona ( trata-se de uma opinião pessoal, não pretendo ser crítico da 7º arte), mas pelo tema angustiante que abordava. Se chamava “Foi apenas um sonho”, baseado no romance de Richard Yates,com Leonardo DiCáprio e Kate Winslet e dirigido pelo ganhador do Oscar. O filme narra a história de uma casal pouco convencional da década de 50, que, percebendo que caíram em uma vida vazia e sem sentido, em uma rasgo de loucura ou lucidez resolvem abandonar emprego e a estabilidade que representam o sonho americano e perseguir os desejos de quando jovens, ir morar em Paris e dedicarem-se cada qual ao que realmente lhes dava satisfação pessoal. As coisas acabam tomando outro rumo e eles, frustrados, se rendem ao que todos julgavam a decisão sensata, ou seja, o retorno à antiga vida vulgar e convencional. O curioso no filme é que a única pessoa que parece lhes apoiar em sua jornada inusitada é um louco (talvez o mais lúcido).



Este mesmo assunto só havia mexido comigo tão intensamente quando li “O clube da luta”, Chuck Palahniuk, em 2006, também adaptado ao cinema. No livro o personagem louco anarco-terrorista aborda aleatoriamente qualquer transeunte com um fuzil. Questiona sobre o trabalho que exerce e de qual gostaria realmente de exercer. Em seguida lhe toma os documentos e ameaça que retornará em 6 meses para matá-lo caso não o encontre como uma bailarina, um escritor, um astronauta, um palhaço, etc.



A questão dos dois livros ou filmes é a seguinte: quem verdadeiramente é o louco e quem é o são? Quem é sensato e quem é o imaturo? Resolvi perder algum tempo estudando a patologia para ver onde me encaixo.



O LOUCO:



O LOUCO MANSO- Loucura para um senso comum é o estado da pessoa que não consegue de maneira nenhum conviver e respeitar as regras sociais. O que se convencionou tabular como mandamentos do homem são. Louco manso é aquele que mesmo recalcitrante às convenções, não usa de qualquer artifício para atacá-las. É o estudante do último ano de Direito que resolveu largar a faculdade e vender pulseirinhas em Algodoal.



O LOUCO FURIOSO- Loucura furiosa é o estado da pessoa que de tanto lhe dizerem o que deveria seguir e de como deveria ser, enchendo-lhe com frases clichês do tipo “você deveria seguir o exemplo do seu primo, ele é alguém na vida”, tornou-se revoltado. Louco furioso é o anarco-terrorista do “clube da luta”, é o Coringa do filme Batman: o cavaleiro das trevas, que ateia fogo nos milhões roubados. Se não torrasse a bufunfa seria ladrão, mas completamente lúcido.



O LOUCO PETER PAN- Comumente confundido com a primeira das categorias de loucos, mas dela se distuingue pelo fato de todos o acusam de imaturidade. Recusa-se a crescer. Sabe que “crescer” significa tornar-se igual a todos, ou seja, são. Esta categoria vive em conflito entre viver sua vida e assumir as responsabilidades de um homem maduro. Esses são severamente bombardeados pela critica feminina.



O LOUCO DE ÚLTIMA HORA Muito comum nos dias de hoje é o louco de última hora. O louco deste gênero é o sexagenário que percebe que já não lhe resta lá muitos anos de vida e resolve assumir sua patologia. Enquanto a doença se resume ao (a) coroa freqüentar a academia não há problemas. “papai(mamãe) só está cuidando da saúde”. Depois que o(a) velho manda às favas um casamento frustrado que tolerava há mais de 30 anos e resolve torrar o vil cobre que conquistou à duras penas com o suor do ser rosto e “despirocar”, curtir a vida, ai o bicho pega. Acusam-lhe logo de senilidade.



O LOUCO EXCÊNTRICO- O louco excêntrico é aquele que percebe que louco são os outros e não ele, mas não tem “culhão”(desculpem o baixo calão) suficiente para assumir de vez e viver sua vida. Por isso apenas uma vez ou outra faz um ato de loucura (excentricidade para os outros) e retorna à sua vida normal como um cão com o rabo entre as pernas. Normalmente é o caso dos artistas.



O LOUCO DEPRESSIVO- Aquele que percebe a fatuidade e absurdo da vida e do mundo, mas se perde em questões existências e não encontra outra solução a não ser somatizar todos estes problemas. Talvez seja o caso da maioria dos que sofrem do mal do século, como o louco do filme “foi apenas um sonho”



O LOUCO MÁRTIR- É um louco como qualquer um desses que faz um enorme ato de loucura e, posteriormente, algum grupo religioso ou político atribui ao seu ato significado que possam tirar vantagem. Ex: Lady Godiva andando nua pela cidade montada em um cavalo branco. Depois criaram histórias sobre ela que supostamente o fato de andar nua de pelo montado em um cavalo branco seria um nobre ato de protesto contra os duros impostos e a intolerância que seu marido afligia aos necessitados.



O LOUCO DO ARMÁRIO- Aquele que vive disfarçado entre os sãos, mas “louco” pra ver um outro doido ao seu lado tomar coragem para lhe seguir os passos.



O LOUCO VISIONÁRIO- o louco visionário é qualquer desses tantos já narrados que de alguma forma conseguiu um bruto sucesso com a sua loucura Se dão sorte e o descobrem enquanto vivos se torna tão logo um grande cidadão respeitado perante a sociedade, um visionário. Ex: . Se passam a vida toda como loucos e após décadas de morto lhe dão valor, se tornam gênio . Ex: Kafka





O SÃO- Qualquer um que não pertença de nenhuma forma a pelo menos uma dessas categorias, que frustrado por medo ou convenção não faz o que quer.



Faço minhas as palavras de Raul (outro louco) “ eu vou fazer o que eu gosto”





“Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Se eles são bonitos, sou Alain Delon
Se eles são famosos, sou Napoleão
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor



Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no céu
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Sim sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, eu sou feliz (BALADA DE UM LOUCO-RITA LEE E ARNALDO BATISTA)



3 comentários:

  1. Como me vi em vários loucos e não em um só... continuo concordando com Rita e Arnaldo. "Eu juro que é melhor, não ser um normal"

    Abs!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. todo mundo é um pouquinho el loki.

    e salve raulll!

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