sexta-feira, 2 de outubro de 2009

PEQUENO DEVER DE CASA



Perguntei se ela havia gozado. Ela tergiversou. Palavrinha obscura, mas por estranho que pareça não me ocorreu nenhuma outra mais apropriada naquele momento na cama. Virei para o lado exausto e satisfeito e nem mesmo a paroxetina ou o clonazepam que tomo todos os dias me proporcionaram igual sensação de bem estar. O sexo bom tem lá sua incompreensível e maravilhosa química. Ela, blasé, me deu a nota seis e meio e logo depois compassiva ou mais sincera aumentou para sete. Eu disse que havia sido muito bom e lhe dei oito e meio para nove.Ela não me pareceu surpresa ou até mesmo contente. Vestiu-se calada e disse que precisava ir. Pedi para continuar despida na cama e ela sem muito relutar, topou. Examinei rapidamente, todavia de maneira detalhada suas formas simétricas e rijas como quem acaba de receber um mapa de uma terra desconhecida. Brinquei e disse que para quem não havia gozado a cama estava bastante molhada. Ela revidou sorrindo e falou que de fato eu não deveria ter transado já há algum tempo pela quantidade de sêmen estocado na camisinha. Permanecemos nus e ela finalmente me abraçou e confessou coisas íntimas, como que havia transado recentemente com seu ex. Obviamente não caí no erro de perguntar se foi melhor com ele que comigo. Ela pediu chocolate enquanto eu tomava a terceira cerveja e enquanto ela brincava como uma criança levada com as luzes do motel eu lembrava Nabokov.