terça-feira, 12 de julho de 2011

Divisão do Pará 1º parte : a ocupação da Amazônia.

   
      
                Nunca esqueci de uma cena do filme "Bye, bye Brasil" dirigido por Cacá Diegues. Devia ter meus 16 ou 17 anos quando a vi.  Talvez, na época, tenha gostado tanto porque parte do filme fora rodada aqui na Região Norte. Até mesmo o palácio dos bares, um inferninho da época, foi retratado no filme. Por outro lado, como não lembrar da canção do Chico dizendo que tinha pego uma doença em Belém? Pois bem, na cena a fantástica Caravana de saltimbancos Rolidei (SIC) cruzava a transamazônica entre caboclos e arraias rumo ao Eldorado, à suposta Xangrilá amazônica,  que se chamava Altamira. "Vão para Altamira" dizia o caminhoneiro, "Lá vocês irão encontrar o paraíso e ficarão ricos".
                 Obviamente o filme nunca passou de uma obra de ficção, até porque Altamira sempre esteve muito longe de ser o paraíso, mas de certa forma, representa muito bem como foi a ocupação da Amazônia. 
                   A primeira fase da ocupação da Amazônia podemos chamar de a tentativa . Logo no início não foi tão fácil vender a Amazônia assim como tirar bala de criança. A promoção praticamente se deu a preço de custo, afinal, era época da guerra e a empresa estava apenas no começo. Seus produtos sequer haviam alcançado boa cotação no mercado. Um em particular parecia agradar aos patrões acionistas diretores lá do Tio Sam. E lá foram tantos bravos arigós, soldados da borracha empunhando suas facas de seringa. Marchando contra o terceiro reich e seu Führer; marchando para guerra; marchando para a morte no inferno verde; marchando para o descaso e para o esquecimento. As más línguas dizem até que morreram afogados, pouco acostumados que estavam com tanta água.
                  A segunda fase se deu anos mais tarde quando os milicas, não satisfeitos em vender a economia para os gringos e para o FMI, resolveram descolar mais um troco loteando a Amazônia.  Chamaremos de a grande promoção. Aos quatro cantos seus marketeiros divulgaram sua campanha publicitária. "Integrar para não entregar" era o slogan da propaganda viral. Nem precisa dizer que dessa vez a promoção foi um sucesso. Vendeu mais que churrasquinho de gato em dia de RE X PA.
                   Aceitava-se qualquer cartão; parcelava-se em até 62 duas vezes; podia-se comprar por uma pechincha no Groupon e Peixe Urbano; Gol e Tam nem cobravam a passagem de ida.
                Aos poucos a "ordem e progresso" foi finalmente chegando àquela região tão inóspita e selvagem. Campos e mais campos de floresta iguais a centenas de milhares de Maracanãs deram lugar às plantações de soja ou à agropecuária; toneladas e mais toneladas de madeira puderam ser industrialmente aproveitadas; estradas abertas entre as matas; nosso minério finalmente pode ser adequadamente explorado e mandado ao exterior.; finalmente aparecemos na mídia como no assassinato da irmã Dorothty e no massacre de Eldorado. Era o milagre na "terra sem homens"
                Agora finalmente chegamos ao ápice, a terceira fase: o grande prêmio. Ora, depois de lotearem e venderem a preço de banana só resta uma coisa a ser feita para se completar a venda : passar a escritura para o nome dos novos ocupantes.  "Para vigo me voy" será que ainda cabe mais um saltimbanco na caravana Rolidei????????



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