domingo, 21 de fevereiro de 2010

Só me fodo nesta merda

Por esses dias lascivos de carnaval ganhei um cortezinho no supercílio direito para dar um charme mais bad neste rostinho que mamãe talhou com tanto esmero e capricho. Nem precisava dizer que não estava de "cara limpa", afinal era carnaval e umas cervejinhas e outras estão perdoadas neste licencioso período em nome de Dionísio. Conquanto a visão de meu próprio sangue me provoque um temor reverencial, no mais não me causou mais transtorno que ter que tomar as precauções que o Dr. Dráuzio Varela aconselharia para estas ocasiões. C'est la vie! Até ai, nada de novo no front, café pequeno. Mas como miséria pouca é bobagem, passados alguns dias fui "secar" a "coisa" jogando com o São Raimundo. Logo ao sair do carro numa chuvosa noite de sábado, e desta vez mais careta que atendente do CVV, tropecei e caí ferindo meu joelho e rasgando meu melhor gins para delírio da platéia que assistia a pixotada de camarote na frente do bar Ventura. Praga de remista é o ó….Tive que engolir a seco, sair a francesa e voltar pra casa ruminado uma praga ou outra. Para piorar a uruca, na volta furou o pneu do meu carro e, como de costume, estava com o estepe nas mesmas precárias condições. Não tive como deixar de pensar na frase do velho filósofo Conrado "eu só me fodo nesta merda"……. Tá louco! Do jeito que a coisa vai vou acertar os números da Mega Sena e não ganhar o dinheiro. Tem coisa pior?

2 comentários:

  1. "Certo perdeste o senso..."

    Teu texto me me lembrou isso (de final um pouco mais trágico):

    "O senhor conhece um tipo azarado? Esse sou eu. Em janeiro bati o carro, não tinha seguro. Depois roubam o toca-fitas, nem era meu. Vendi os bancos para um colega e recebo só a metade. Em março, despedido da firma onde trabalhei sete anos. Empresto o último dinheirinho a outro amigo, que não me paga. Vou a um baile,
    não danço e acabo apanhando. Comprei um carro velho, atraso as prestaçöes o dono toma de volta. Monto uma banquinha, o negócio näo dá certo. sabe o que é um cobrador de vermelho sentado â tua porta? Passo o ponto com prejuízo e vou ä luta por um emprego. Preencho mil fichas, a resposta uma só: ganhava bem, näo posso ter o salário reduzido. Domingo no parque, dois pivetöes me assaltam. Fico sem tênis, o relógio, o boné do meu time, eterno perdedor. Era pouco ao senhor? Estou com os dentes ruins, a vista fraca, acho que é diabete. Mais que converse com a mäe, visite a irmä, divirta os sobrinhos, faça um biscate, me sinto cansado de viver. Noivei com a Maria que ontem me contou ser a outra de um fulano casado. Ó Deus, de que lado está o senhor? Sozinho em casa, fiz a barba, tomei banho, vesti a jaqueta cinza, a gravata azul de bolinha. Lá vou eu de viagem: elegante, em flor, na ponta de uma corda. Perdäo, mäe. Adeus, pessoal. Desta vez, Senhor, tem dó de mim".
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    (Só assim te mostro Trevisan ...)
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    "Vocë se preocupa e anda agitada com muitas coisas; porém, uma só coisa é necessária, Maria escolheu a melhor parte, e está näo lhe será tirada" (Essa eu näo entendi MESMO, a analogia) Mas me fez lembrar outro texto ótimo:

    "Depois de escrever com o dedo na terra, Jesus fala aos acusadores da mulher
    adúltera. Ali no meio do povinho, Ester, Safira e Jezabel, famosas puritanas, cada
    uma com dois seixos na mão. Mal Jesus remata com quem for sem pecado, atire a primeira pedra, João acode:
    - Falou e disse, aiíi Jesus.
    E a puxá-lo firme pela manga:
    - Se abaixe, Mestre, lá vem pedra."

    (Dalton Trevisan, ibidem)

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