Por esses dias lascivos de carnaval ganhei um cortezinho no supercílio direito para dar um charme mais bad neste rostinho que mamãe talhou com tanto esmero e capricho. Nem precisava dizer que não estava de "cara limpa", afinal era carnaval e umas cervejinhas e outras estão perdoadas neste licencioso período em nome de Dionísio. Conquanto a visão de meu próprio sangue me provoque um temor reverencial, no mais não me causou mais transtorno que ter que tomar as precauções que o Dr. Dráuzio Varela aconselharia para estas ocasiões. C'est la vie! Até ai, nada de novo no front, café pequeno. Mas como miséria pouca é bobagem, passados alguns dias fui "secar" a "coisa" jogando com o São Raimundo. Logo ao sair do carro numa chuvosa noite de sábado, e desta vez mais careta que atendente do CVV, tropecei e caí ferindo meu joelho e rasgando meu melhor gins para delírio da platéia que assistia a pixotada de camarote na frente do bar Ventura. Praga de remista é o ó….Tive que engolir a seco, sair a francesa e voltar pra casa ruminado uma praga ou outra. Para piorar a uruca, na volta furou o pneu do meu carro e, como de costume, estava com o estepe nas mesmas precárias condições. Não tive como deixar de pensar na frase do velho filósofo Conrado "eu só me fodo nesta merda"……. Tá louco! Do jeito que a coisa vai vou acertar os números da Mega Sena e não ganhar o dinheiro. Tem coisa pior?
"Certo perdeste o senso..."
ResponderExcluirTeu texto me me lembrou isso (de final um pouco mais trágico):
"O senhor conhece um tipo azarado? Esse sou eu. Em janeiro bati o carro, não tinha seguro. Depois roubam o toca-fitas, nem era meu. Vendi os bancos para um colega e recebo só a metade. Em março, despedido da firma onde trabalhei sete anos. Empresto o último dinheirinho a outro amigo, que não me paga. Vou a um baile,
não danço e acabo apanhando. Comprei um carro velho, atraso as prestaçöes o dono toma de volta. Monto uma banquinha, o negócio näo dá certo. sabe o que é um cobrador de vermelho sentado â tua porta? Passo o ponto com prejuízo e vou ä luta por um emprego. Preencho mil fichas, a resposta uma só: ganhava bem, näo posso ter o salário reduzido. Domingo no parque, dois pivetöes me assaltam. Fico sem tênis, o relógio, o boné do meu time, eterno perdedor. Era pouco ao senhor? Estou com os dentes ruins, a vista fraca, acho que é diabete. Mais que converse com a mäe, visite a irmä, divirta os sobrinhos, faça um biscate, me sinto cansado de viver. Noivei com a Maria que ontem me contou ser a outra de um fulano casado. Ó Deus, de que lado está o senhor? Sozinho em casa, fiz a barba, tomei banho, vesti a jaqueta cinza, a gravata azul de bolinha. Lá vou eu de viagem: elegante, em flor, na ponta de uma corda. Perdäo, mäe. Adeus, pessoal. Desta vez, Senhor, tem dó de mim".
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(Só assim te mostro Trevisan ...)
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"Vocë se preocupa e anda agitada com muitas coisas; porém, uma só coisa é necessária, Maria escolheu a melhor parte, e está näo lhe será tirada" (Essa eu näo entendi MESMO, a analogia) Mas me fez lembrar outro texto ótimo:
"Depois de escrever com o dedo na terra, Jesus fala aos acusadores da mulher
adúltera. Ali no meio do povinho, Ester, Safira e Jezabel, famosas puritanas, cada
uma com dois seixos na mão. Mal Jesus remata com quem for sem pecado, atire a primeira pedra, João acode:
- Falou e disse, aiíi Jesus.
E a puxá-lo firme pela manga:
- Se abaixe, Mestre, lá vem pedra."
(Dalton Trevisan, ibidem)
é uma vida de jackeline.
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