sábado, 27 de junho de 2009

AI QUE VIDA!!!!!!!!!!!!!!!!!!



Para poetisa piauiense Ana Patrícia Rameiro.


Não sei dizer se estou apaixonado. Confesso que nem procuro mais perder meu tempo divagando sobre turbilhões de emoções ocultas e intangíveis, tampouco ando debruçado em questões vãs e estéreis como a definição de sentimentos ou a equação dialética do amor. Definir significa limitar, dividir. Ela me soma, me expande, me preenche. Só sei dizer que aquela ânsia angustiante que me tomava, com ela, se esvaiu; que o peso das horas insones não me causa mais medo e dor; que o coração agora de tão tranqüilo esqueceu-se de pulsar dentro do peito como d'antes: locomotiva frenética, palpitante, descompassada. Para onde escoaram as ásperas e preciosas doses de veneno destiladas de um mosto de tantas mágoas? Há mágica tão poderosa capaz de sossegar a aflição das almas inquietas como a mágica sutil dos dedos de sua mão procurando os meus? Ah! Só mesmo os raios do Corisco para calcinar as armaduras e couraças forjadas por mim a ferro e a fogo.

Primeiro de Março: é dos pântanos putrefatos que nasce a flor mais sagrada e bela. E se ainda vez por outra me perco olhando pra trás, faço apenas para constatar a superficialidade pueril das pessoas, esmagadas diante de sua simplicidade. Sei também que quando me dou conta, entre um cigarro e outro, já estou, piegas, arranjando-lhe apelidos carinhosos no diminutivo ou formulando frases tolas que lhe mando pelo celular, tal qual um adolescente embevecido. Quando ela se vai, deixando minha cama vazia, me dói, mas é dor calma, sossegada, dor boa. Agora, as noites dos bares deram lugar a pizzas e fanta laranja. A Caio Fernando Abreu, Glauber Rocha e Thiago de Mello. Meus finais-de-tarde de Junho repousam estirando sua lassidão em redes tépidas e ociosas com ela enlaçada a mim, lânguida feito um bicho-preguiça. Por que as palavras soam com tanta poesia no seu sotaque? Por que as sílabas dançam com mais acento, cadência e ritmo em sua boca? Por que o mundo fica mais terno e acolhedor entre suas pernas? Desconfio que só se possa poetizar em piauiês.




sexta-feira, 26 de junho de 2009

O INFERO ASTRAL PARAENSE

Texto publicado em O LIBERAL no dia 04/07/2009

O Estado do Pará vive momento ímpar. Neste último domingo a imprensa divulgou, com base nos dados do IBGE, que compomos 4,1% do time de analfabetos de todo o País. Grosso modo, isto representa cerca de quase 56 mil papa-chibés que sequer sabem escrever o próprio nome, isto sem contar os que mal conseguem interpretar um texto. A coisa anda preta. Trocando em miúdos, somados Mangueirões inteiros lotados em uma final de Ré-Pá, acrescentados aí mais alguns arrastões do boi Pavulagem e festas e mais festas de aparelhagens abarrotadas de gente, chegamos próximo desta espantosa cifra. Exageros à parte, quase o povo que acompanha o Círio. Se não há nada que se possa fazer, então que pelo menos brindemos com uma cervejinha gelada pra aliviar este calor de Junho. E por falar em cerveja, após 1 ano de Lei Seca, alguém tem um palpite de qual a única região que não diminuiu em nada o índice de mortes no trânsito? Ao contrário do resto do País, o estado, guiando na contramão, ainda dobrou o número de mortes, de junho ano passado até março deste ano. Parece que esse negócio de “amigo da vez” não teve lá muita vez na terra da Cerpinha. Amigo da vez por aqui, é tão-só o próximo a ser atendido em uma fila da Big-Ben. “Você tem cartão amigo?”. Era só o que nos faltava. Agora, além de pedófilos, amargamos a pecha de burros e cachaceiros. Pior.......... (como se diz aqui pela terrinha)

Se é um consolo para os infelizes ter um companheiro de desventura, pelo visto o infortúnio não nadou até o lado de lá do Rio Amazonas. Nossos vizinhos, jogando água em nosso açaí- e olha que água atualmente não lhes falta- não só nos passaram a perna e levaram a Copa por conta de uma simples Coca-Cola, como já corre o boato que estamos prestes a perder nosso mais nobre posto de “porta de entrada da Amazônia” para eles. E essa ainda, ai que vida!!!!

Mas isto é só mais uma chuva na terra das chuvas, estamos apenas em período de vacas-magras. Não, é melhor não falarmos nem em vacas e nem em bois, afinal, nosso boi-pirata, conforme denominação dada pelo Ministro Minc, também não anda lá muito em alta nos últimos tempos.

Mas não vamos aqui debulhar um rosário de lamentações, nem tudo são misérias no nosso Estado. O que é isso!!! Se não podemos negar que nossa educação anda decadente; nossos PSMs andam às favas e sem médicos; nossos postos de saúde andam desabando; nossa Santa Casa continua macabra e assombrada; que não há cumprimento de mandados judiciais de reintegração de posse e que não podemos ao menos sacar dinheiro no banco sem sermos vítimas de seqüestro-relâmpago podemos sim nos orgulhar do fato de que grande parte dessa turba de 4,1% anda impecavelmente trajada com alinho, ostentando garbosas fardas verdinhas e viçosas, tal qual nossas mangueiras. Somos pobres, porém limpinhos. Ora, e esta não seria uma das vantagens de termos uma mulher no governo? Pará: terra de direitos, anuncia a propaganda.

Não, não adianta negar. É melhor não cobrir com panos quentes o que salta aos olhos, dou-me por vencido. Não estamos lá em época muito boa mesmo, devo admitir. Conspiração cósmica, mandinga da braba, urucubaca, olho gordo, Inferno astral, sei lá!!!! O certo é que a bruxa anda à solta. Oxalá, passaremos mais esta chuva, tenho certeza, mas por enquanto o melhor mesmo é ficar em casa e se possível aproveitar as festas do mês e tomar um bom banho-de-cheiro do Ver-o-Peso para espantar esta má-sorte que teima em nos perseguir. O negócio parece andar tão mal pro nosso lado que agora até mesmo quando paraense tenta andar na linha vem o trem e passa por cima........e por ai vai.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

OXÍMORO II, O RETORNO

Teu ódio amoroso ou meu odiável amor?Tuas mentiras sinceras ou minhas verdades mentirosas?Tua estúpida sensatez ou minha lúcida estupidez?Tua felicidade desditosa ou minha triste felicidade?Tua constante inconstância ou minha inconstante constância?Tua compaixão egoísta ou meu egoísmo compassivo?Tua suavidade pungente ou minha agressiva suavidade?Tua promíscua fidelidade ou minha leal infidelidade ?Tua superficialidade profunda ou minha profundidade pueril ?Tua segurança instável ou minha instabilidade segura?Quem venceu esta luta passiva? Não temo dizer: apenas o oxímoroNo congruente paradoxo daqueles instantes eternos