quarta-feira, 19 de março de 2014

A volta dos Milicas: saída pela direita ou pela esquerda?





Sergio Buarque chamava o brasileiro de homem cordial, eu, por outro lado, prefiro chamar de "menino do buchão". Criança tola, maniqueísta, dada aos extremos. É uma Seleção que dá show de bola, ou apática, assiste a um Zidane ganhar a Copa dando um baile. Criança criativa, inteligente, mas emocionalmente instável pedindo seu marshmallow ao “tio” impacientemente. 

Neste sentido quando vê a esquerda engendrando sua teia ideológica e direcionando o Pais para a "ditadura do proletariado" ( objetivo institucional de qualquer partido que se diz socialista) , perde a fleuma e tem um “piti”. Ato contínuo, busca apoio em seu antagonista lógico: a extrema direta. Surgem assim skinheads exibindo suas tatuagens de suásticas; bufões bolsanaristas; novos capitães nascimento bradando suas teses sanguinárias sobre bandido morto, Âncoras de jornal convocando beatas para sua marcha e os eternos saudosistas da ditadura militar. "Ah na época dos militares em que a direita governava o Pais isso não acontecia" afirma a velha senhora. Daí me vem a pergunta “e quem foi que disse que os militares que assumiram o poder no golpe de 64 eram, de fato, de direita?”. Vamos lá, qual foi o político “de direita” que os milicas entronaram no poder assim que assumiram? Nenhum, ora. Militar não é de esquerda ou de direita, militar é militar. Só se você entender “direita” como tudo aquilo que combate a “esquerda”. Nem me venha argumentar também que é de direita pois foram financiados pelo USA, ora, até Bin Laden foi.

Outro ponto que me parece interessante é a associação feita hoje entre nacional-socialismo e a direita, quando o próprio Fuher em várias ocasiões assumiu que desenvolveu o nazismo tendo como ponto de partida as idéias de Marx e Lênin. De qualquer maneira pouco importa se ditadura de direita ou de esquerda, toda ditadura é tão parecida. Pergunte as centenas de milhões executados por Che, Lênin, Stalin, Mao, e outros companheiros se lhes dá algum alento saber que morreram por uma "causa maior"? Será que morrer no Riocentro ou Guararapes tem tanta diferença assim?

De mais a mais, os contornos que separavam ambos os lados não parecem mais tão sólidos como outrora, afinal,  o que é ser de direita ou de esquerda hoje? Será que esta discussão ainda passa pelo maior ou menor grau de intervenção na economia, ou assumidamente está mais relacionado a questão dos valores? 

Se você ainda crê que a questão da direita e esquerda tem a ver com o binômio intervencionismo- liberalismo vai ter que me explicar porque o General Geisel, por exemplo, foi um dos maiores criadores de estatais e defensor da intervenção na economia e é chamado de direita.; Vai ter que me explicar porque o sucesso econômico do governo petista no Brasil se deveu a praticamente repetir a estratégia neoliberal de seu antecessor, FHC; Vai ter que me explicar como a China comunista empresta dinheiro a juros pro Tio Sam.


Se por outro lado disser que ser de esquerda significa buscar reformas sociais; ser a favor da defesa das minorias e das liberdades individuais, vai começar a se dar conta que tem muita gente de “esquerda” que nada tem de “esquerda” e muita gente “de direita” que nada tem “de direita” e ai a discussão, sem muito sucesso, volta de onde partiu.


Mais prático parece ser o critério criado pelos próprios militantes de esquerda e difundido aos quatro canto nas redes sociais como técnica digna de Goebbels. Direita, é tudo aquilo que está entre a esquerda e o Poder, única meta que lhes restou depois do fiasco dos regimes comunistas espalhados pelo mundo.  Nas eleições presidenciais brasileira, por exemplo, Dilma, candidata a reeleição é "de esquerda", todo o resto : Marina, Aécio, e Joaquim Barbosa, que sequer tem partido ou é candidato, são todos “de direita". Resumindo, direita é tudo aquilo que enche o saco da esquerda, porque se tem uma coisa que os camaradas odeiam é ser contrariados, afinal, democracia é aquela coisa pequeno burguesa criada pelas elites gregas.