Sergio Buarque chamava o brasileiro de homem cordial,
eu, por outro lado, prefiro chamar de "menino do buchão". Criança
tola, maniqueísta, dada aos extremos. É uma Seleção que dá show de bola, ou
apática, assiste a um Zidane ganhar a Copa dando um baile. Criança criativa,
inteligente, mas emocionalmente instável pedindo seu marshmallow ao “tio”
impacientemente.
Neste sentido quando vê a esquerda engendrando sua
teia ideológica e direcionando o Pais para a "ditadura do
proletariado" ( objetivo institucional de qualquer partido que se diz
socialista) , perde a fleuma e tem um “piti”. Ato contínuo, busca apoio em seu
antagonista lógico: a extrema direta. Surgem assim skinheads exibindo suas
tatuagens de suásticas; bufões bolsanaristas; novos capitães nascimento
bradando suas teses sanguinárias sobre bandido morto, Âncoras de jornal convocando
beatas para sua marcha e os eternos saudosistas da ditadura militar. "Ah
na época dos militares em que a direita governava o Pais isso não
acontecia" afirma a velha senhora. Daí me vem a pergunta “e quem foi que
disse que os militares que assumiram o poder no golpe de 64 eram, de fato, de
direita?”. Vamos lá, qual foi o político “de direita” que os milicas entronaram
no poder assim que assumiram? Nenhum, ora. Militar não é de esquerda ou de
direita, militar é militar. Só se você entender “direita” como tudo aquilo que
combate a “esquerda”. Nem me venha argumentar também que é de direita pois
foram financiados pelo USA, ora, até Bin Laden foi.
Outro ponto que me parece interessante é a associação
feita hoje entre nacional-socialismo e a direita, quando o próprio Fuher em
várias ocasiões assumiu que desenvolveu o nazismo tendo como ponto de partida
as idéias de Marx e Lênin. De qualquer maneira pouco importa se ditadura de
direita ou de esquerda, toda ditadura é tão parecida. Pergunte as centenas de milhões
executados por Che, Lênin, Stalin, Mao, e outros companheiros se lhes dá algum alento saber que morreram por uma
"causa maior"? Será que morrer no Riocentro ou Guararapes tem tanta
diferença assim?
De mais a mais, os contornos que separavam ambos os
lados não parecem mais tão sólidos como outrora, afinal, o que é ser de direita ou de esquerda hoje? Será
que esta discussão ainda passa pelo maior ou menor grau de intervenção na
economia, ou assumidamente está mais relacionado a questão dos valores?
Se você ainda crê que a questão da direita e esquerda
tem a ver com o binômio intervencionismo- liberalismo vai ter que me explicar
porque o General Geisel, por exemplo, foi um dos maiores criadores de estatais
e defensor da intervenção na economia e é chamado de direita.; Vai ter que me
explicar porque o sucesso econômico do governo petista no Brasil se deveu a
praticamente repetir a estratégia neoliberal de seu antecessor, FHC; Vai ter
que me explicar como a China comunista empresta dinheiro a juros pro Tio Sam.
Se por outro lado disser que ser de esquerda
significa buscar reformas sociais; ser a favor da defesa das minorias e das
liberdades individuais, vai começar a se dar conta que tem muita gente de
“esquerda” que nada tem de “esquerda” e muita gente “de direita” que nada tem
“de direita” e ai a discussão, sem muito sucesso, volta de onde partiu.
Mais prático parece ser o critério criado pelos
próprios militantes de esquerda e difundido aos quatro canto nas redes sociais
como técnica digna de Goebbels. Direita, é tudo aquilo que está entre a
esquerda e o Poder, única meta que lhes restou depois do fiasco dos regimes
comunistas espalhados pelo mundo. Nas eleições presidenciais brasileira,
por exemplo, Dilma, candidata a reeleição é "de esquerda", todo o
resto : Marina, Aécio, e Joaquim Barbosa, que sequer tem partido ou é
candidato, são todos “de direita". Resumindo, direita é tudo aquilo que enche o saco da
esquerda, porque se tem uma coisa que os camaradas odeiam é ser contrariados,
afinal, democracia é aquela coisa pequeno burguesa criada pelas elites gregas.