Primeira volta, óbvio, convidei a garota para impressionar. Já ia fazer a curva. A mão avançava rumo à marcha, quando ela disse:– meu amor o moço do taxi tá dizendo que a porta tá aberta-. Expliquei-lhe que era assim mesmo e que apenas parecia estar aberta. Pensei com os meus botões : “ curioso, taxista é capaz de te cortar a qualquer momento, te xingar dos piores palavrões, mas mesmo assim correu para avisar da porta. O mundo ainda tem jeito”.
Daí em diante foi ciclista, pedestre, guarda de trânsito, motoristas de ônibus fazendo acrobacias intrépidas para poder dar o aviso - sua porta está aberta- Pensei, afinal, o que move este impulso quase atávico? O que incomodaria tanto em uma simples porta aberta? Ou vocês já viram alguém que de fato caiu de um carro em movimento por ter o descuido de se firmar em uma porta semi-aberta?. Resposta: o inconsciente solidário coletivo.
A segunda constatação do solidário coletivo foi recente, no dia do meu aniversário. Conquanto na mesma semana tenha sido chamado de piegas, descontrolado e pseudo-intelectual (por quem venderia o corpo pra comprar objetos caros da Tiffany`s), o certo é que me impressionou o número de pessoas que te mandam felicitações pelo Orkut. Ligações mesmo, apenas uns velhos camaradas.
São primos que só encontras e casamentos e funerais; Amigos da quinta série; Ex-amantes; Alguém que te adicionou depois daquele final de semana em Algodoal; Vizinhos; Chatos do teu trabalho e finalmente, aqueles que estão na tua rede social e você não sabe nem quem é....
Jung explica: Só pode ser o inconsciente solidário coletivo.